Retransmissoras de TV recrutam famílias para guardar lugar em fila

by Matheus Britto / setembro 20, 2014 / in Fotojornalismo / 0 comments

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Da Folha de S. Paulo

Texto: Daniel Carvalho / Foto: Matheus Britto

Um grupo de famílias desempregadas da periferia do Recife foi recrutado para guardar lugar numa fila em frente ao escritório da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) do Recife.

Acampadas desde o dia 12 passado numa rua da zona sul, elas ficarão lá até o início da semana que vem, em barracas e sobre papelões espalhados pelo chão.

O inusitado é que essas cerca de 50 pessoas não estão na fila à espera de um show ou de uma senha para atendimento em hospital público.

Elas foram contratadas por retransmissoras, empresas que apenas transmitem o conteúdo produzido pelas emissoras de televisão.

Essas empresa, geralmente com sede em pequenos municípios, são de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe e agora buscam autorização para atuar. Segundo o Ministério das Comunicações, algumas funcionam hoje sem essa permissão.

E elas somente serão recebidas no escritório da Anatel do Recife se pegarem uma senha na segunda-feira (22). Por isso contrataram esses “guardadores de lugar”.

“O pessoal aqui [acampado] não sabe que TV está representando”, afirma João Sales, que afirmou ter sido contratado por uma assessoria de imprensa de São Paulo para recrutar os acampados e garantir o funcionamento dessa fila. Ele afirmou não ser capaz de identificar a empresa que o contratou.

Nos seis primeiros dias, as famílias ficaram dia e noite instaladas em 15 barracas de camping, nos quais o papelão faz as vezes de colchão. Desde quinta (18), após acordo com a prefeitura, as barracas só podem ser armadas das 22h às 5h.

Durante o dia, cadeiras de plástico com toalhas e roupas guardam o lugar. A prefeitura diz não haver problema na ocupação, pois pedestres podem transitar pelo local.

No acampamento organizado com cones e faixa de segurança, poucos aceitaram dar entrevista. Quando a dona de casa Ana Lúcia Ferreira, 55, conversava com a Folha na tarde de quinta, foi alertada por um adolescente a não mais prosseguir.

Todos os acampados recebem cinco refeições diárias em quentinhas de alumínio, e há um banheiro químico e uma casa de apoio alugada para que tomem banho. Um pequeno gerador foi instalado sob uma mesa de plástico para recarregar celulares.

Cada um tem a promessa de receber R$ 600 pelo plantão. Mas o dinheiro só chegará na semana que vem. “Tu acha que, se a gente já tivesse recebido, ainda estaria aqui?”, questionou a dona de casa Maria da Silva, 76.

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